O evento aconteceu na Ilha dos Camaleões, um “santuário” de quelônios próximo à cidade de Afuá.
No último dia 5 de abril (sábado passado), cerca de 20 alunos do Instituto Federal do Amapá (Ifap), do Campus Macapá, e dez professores da instituição, participaram da 42ª Soltura de Filhotes de Quelônios da Amazônia. A soltura ocorreu na Ilha dos Camaleões, um “santuário” desse tipo de quelônios localizado próximo à cidade de Afuá (PA). Um grupo de acadêmicos da Universidade Federal do Amapá (Unifap) também participou da soltura.
Ao todo, foram soltos 20 mil filhotes de tartarugas da Amazônia. O local é um berçário para a preservação da espécie, que corre risco de extinção devido à caça indiscriminada ocorrida no passado.
O evento fez parte do Projeto Quelônios da Amazônia (PQA), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) do Amapá, e teve parceria com a Prefeitura Municipal de Afuá (PMA), através de sua Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semamb).
A estudante Anna Gabriella Marinho dos Santos, aluna do 2°Ano do Curso Técnico em Mineração, do Ifap-AP, ficou bastante entusiasmada por participar da atividade, “que contribui para a conservação desses animais, tão importantes para o equilíbrio ambiental da região”, frisou.
A Ilha dos Camaleões, localizada a poucos quilômetros da “Veneza marajoara”, como é conhecida a cidade de Afuá, serve como área de reprodução da tartaruga da Amazônia, que ainda corre risco de extinção.
Segundo a Prefeitura de Afuá, parceira do Ibama no projeto, “as tartarugas são, historicamente, alvo de caçadores, sobretudo devido ao consumo de sua carne e ovos”.
Desde 1967 a legislação ambiental brasileira protege essas espécies, “mas a fiscalização governamental nunca foi eficiente”, de acordo com a prefeitura.
“No ano de 1970, quando se iniciaram projetos comunitários de defesa desses animais, as populações de tartarugas apresentavam níveis alarmantes na região”, sob ameaça de desaparecerem completamente.
O QUE É O PROJETO QUELÔNIOS DA AMAZÔNIA
O Projeto Quelônios da Amazônia (PQA) é um instrumento de política de conservação da biodiversidade do governo federal, e tem como objetivo a conservação das espécies de quelônios da Amazônia em seus ambientes naturais de forma sustentável, na perspectiva de fixação do homem no campo, na geração de emprego e renda, e na melhoria do bem-estar sócio-econômico-ambiental das comunidades inseridas nas bacias dos rios Amazonas e Araguaia/Tocantins.
O PQA promove, através da pesquisa e do manejo, processos de conservação dos quelônios de água doce ocorrentes na Amazônia Legal e na bacia do rio Araguaia, em Goiás.
As tartarugas da Amazônia sempre fizeram parte dos costumes das tribos indígenas habitantes na região, desde os primórdios da ocupação e colonização portuguesa, a partir do século XVII.
Para se ter uma ideia da excessiva exploração dos estoques naturais das espécies de quelônios, principalmente da tartaruga da Amazônia, segundo dados do Ibama, o massacre dessas populações chegou a 48 milhões de ovos anuais. Cerca de 400 mil filhotes de fêmeas deixaram de nascer a cada ano, e os ovos colhidos podiam representar o esforço reprodutivo de 600 mil fêmeas por ano, entre os anos de 1700 a 1903. Nessa época, mais de 214 milhões de ovos foram coletados para a fabricação de óleo para iluminação de cidades europeias.
Foi devido a esse passado irracional de destruição, e os cenários preocupantes quanto à possível extinção da espécie, que o governo federal instituiu, no ano de 1979, o Projeto Quelônios da Amazônia (PQA). Desde então, o PQA manejou cerca de 70 milhões de filhotes de quelônios. Os resultados desse processo permitem que o Brasil seja reconhecido como o único país da América do Sul que ainda possui estoques significativos de quelônios passíveis de recuperação e viáveis para programas de uso sustentável.
“Parte desses resultados deve ser creditada às comunidades que se associaram às iniciativas de proteção e manejo, por acreditarem na importância que esses animais representam no seu dia a dia”, diz o site do Ibama.
Fonte: Izael Marinho. Imagens: Divulgação/estudantes do IFAP-AP.
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